Não sei se é mal de brasileiro, ou só meu mesmo, mas quando o calor de verdade (tipo mais de 32 graus) começa a pegar, quero frio. E vice-versa.
Para quem não sabe, Bologna é uma cidade dos extremos: no frio, faz muito frio; e no calor, juro que Rio de Janeiro fica fichinha…
Por isso, como aqui é época de férias (de verão), fui passar uma semana no frio da montanha com meu namorado. Mais precisamente, fomos a Macugnaga, uma cidade no Piemonte, quase fronteira com a Suíça, bem aos pés do Monte Rosa.
Além de paisagens alucinantes e trilhas duras o suficiente para deixar um bom atleta esbaforido, uma das coisas mais bacanas para se fazer é, claro, comer comida de montanha.
Obviamente, depois de caminhar/escalar/se pendurar por várias horas, a fome que bate é uma coisa digna de lenhador. E, como por lá se mexer é a praxe, a tradição gastronômica vai exatamente nessa direção.
Se tivesse que a resumir em uma palavra a cozinha montanara (i.e., de montanha), diria “polenta”. Tem sempre. E jamais vem sozinha: polenta con funghi, polenta con capriolo (cabrito cozido por muito tempo, com ou sem tomate), polenta con formaggio (com queijo) e por aí vai.
Essa foto aqui no início dos post é do nosso almoço a 2.070 metros, no Rifugio Zamboni Zappa, depois de mais de 2 horas de trilha na subida…! Polenta con funghi e spezzatino (tipo uma carne de panela, mas em pedacinhos, cozida por muito tempo).
Mas, na montanha, também existe vida além da polenta.

Ainda que Macugnaga seja uma cidade mínima, em uma noite (aniversário do meu gato) resolvemos ir jantar no lugar mais bonitinho da região, o z’Makana Stubu, restaurante do Residence Hotel Cima Jazzi.
Iniciamos dividindo um antepasto de salumi particolari della zona, um prato de frios com bresaola di cervo, speck affumicato d’occa (speck é um dos meus salumi preferidos. Esse, defumado, ao invés de ser feito com porco, era de ganso!) e prosciutto lardato di capriolo con menta (presunto gordo de cabrito com hortelã). Uma experiência gastronômica realmente única.
Depois, me deliciei com os pratos do dia: uma sopa de funghi fresco (a um só tempo leve e saborosíssima) e um prato de coxa de coelho recheada com linguiça… um escândalo de bom.

O aniversariante foi de Tagliolini freschi ai funghi porcini :

Para terminar a noite, passamos no (único) pub da cidade, o Mignon Pub, e tomamos a bebida típica do local: a grolla. É um misto de grappa, e café, docinho e aromatizado com laranja. O bacana é que o nome do drink remete ao recipiente onde é servida a bebida: tipo um pote de cerâmica (ou, em alguns casos, de madeira), com diversos “bicos”, a partir dos quais várias pessoas podem beber, dividindo a alegria 🙂

Pois bem, dá pra ver que na montanha, com frio e horas subindo e descendo trilhas, o cardápio a ser encarado não tem nada de light, né…
Ainda bem!