Carnaval em italiano

Se, aí no mundo verde-e-amarelo, ninguém tem dúvidas sobre quais são as tradições desse feriado que é, talvez, o mais importante do ano (pouca roupa, fantasia, confete, serpentina e cerveja), na Itália as coisas são diferentes.

À exceção do famoso carnaval de Veneza, esse período é praticamente igual a outro qualquer em todo o país. Não tem feriado, todo mundo continua meio emburrado por causa do frio e a única diferença é que, no domingo, as crianças saem na rua fantasiadas (mas nada de mini-odaliscas com barriga de fora… ursinhos, coelhos e dinossauros são mais comuns de se ver).

Falando em frio, não custa lembrar que aqui ainda é inverno e que, normalmente, no início de fevereiro chegam os dias mais frios o ano – conhecidos como os dias “della merla”. Por isso mesmo, os casacões e botas ainda estão com tudo, assim como a vontade de comer coisas não exatamente lights.

Vou além: se carnaval, em muitos lugares, é sinônimo de luxúria, aqui na Itália, não é diferente. Mas digo isso sem nenhuma conotação sexual. Falo de comida – como sempre. Mais precisamente, dos pratos típicos dessa época, que atingem o ápice da tentação gastronômica: doces fritos.

Sfrappole, (ou chiacchiere, frappe, bugie, crostoli, galani, cenci, intrigoni, lattughe, sfrappe, grostoli o cruspole…!): o doce mais tradicional, presente em todas as regiões do país (e em cada lugar tem um nome diferente!).

São uma espécie de massa fina, frita (pense em uma massa de pastel) e polvilhada com (muito!) açúcar de confeiteiro ao final. É simpático porque esse doce é tão comum que, passado o Dia de Reis, ele se torna quase onipresente em bares e restaurantes: por exemplo, para acompanhar o café, simplesmente como um mimo aos clientes que passam e por aí vai.

Castagnole (e fritelle di mela escondidinhas à direita)
Castagnole (e fritelle di mela escondidinhas à direita)

Castagnole: uma espécie de bolinho de chuva, feito com uma massa simples com farinha, ovos, fermento, manteiga, açúcar, um pouquinho de raspas de limão, uma pitada de sal e polvilhado, depois de frito, com açúcar de confeiteiro.

Fritelle di mele: rodelas de maçã empanadas e, claro, polvilhadas com açúcar de confeiteiro (não dá para ver direito na foto acima, mas estão do lado direito)

Tagliatelle Caramellate
“Tagliatelle Caramellate – lembranças da juventude”

Tagliatelle caramellate: como não podia faltar aqui em Bologna, no carnaval também tem tagliatella (a pasta fresca típica da região). Nesse período, porém, elas vêm (adivinha??) doces e fritas. Em alguns lugares, são simplesmente fritas e polvilhadas com açúcar; aqui em Bologna, porém, é mais normal encontrá-las enroladinhas feito serpentina e embebidas em um caramelo aromatizado com um toque de limão ou laranja.

Depois de tudo isso, meus caros, saibam que enquanto aí no Brasil a galera está de biquíni sambando, aqui está todo mundo encapotado e acumulando créditos de caloria. E confesso que também é divertido.

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