O FloCiBO traz, em uma minissérie de posts, dicas imperdíveis sobre esse país meio desconhecido para a maior parte dos brasileiros, Malta. Depois do último post, com algumas dicas básicas sobre esse refúgio mediterrâneo de sol, hoje meu assunto é aquele que mais importa: o que comer em Malta?
A cozinha maltesa é muito simples, mas com sabores fortes. Não se economiza no alho nem no sal e tudo tem gostinho de comida de casa. Ficou com água na boca? Que tal espiar a primeira parte da minha seleção? Ah, e não deixe de voltar amanhã, quando revelarei os 3 vencedores que subiram ao meu pódio.
7) Antepasto típico

Gosto de imaginar que uma refeição pode ser uma história. E, para entender o enredo, conhecer as personagens e se preparar para o clímax, nada melhor do que uma boa introdução. Em Malta, o melhor modo para fazer isso é pedir os antepastos típicos malteses.
Falarei mais adiante do protagonista, o queijo local, mas os coadjuvantes não passam despercebidos: uma profusão de conservas (preservadas no precioso azeite local), com destaque para as azeitonas e alcaparras e os concorridíssimos tomates secos.
Em relação aos últimos, sempre achei curioso que, se no Brasil eles são quase onipresentes e todos pensam que se tratam de produtos típicos italianos, aqui no Norte da Itália eu confesso que em quatro anos mal os vi. Em Malta, por outro lado, aparecem sempre e têm aquele jeitinho que a gente aprendeu a conhecer no Brasil – salgadinho e não muito carnudo. Para acompanhar, pães locais ou crackers feitos em casa.
6) Ravjul

Não é só na Itália que pratos de massa são protagonistas da tradição culinária local. Dentre os carros-chefes da cozinha maltesa têm destaque os raviólis recheados com queijo de cabra e servidos com molho de tomates.
A massa é parecida com a italiana, mas um pouco mais delicada e branquinha (não leva ovos). O recheio, por outro lado, tem a acidez típica dos queijos de cabra e combina muito bem com a doçura dos tomates locais. É talvez o prato principal mais leve – e o único vegetariano.
5) Fenkata ou Stuffat tal-fenek

Apesar de Malta ser um arquipélago, registros históricos apontam para o fato de os habitantes locais darem, desde a pré-história, preferência às carnes; estranhamente o país nunca foi de pescadores. Ainda hoje, é mais fácil comer bem carne que peixe. Um dos pratos principais é o delicioso coelho refogado com aromas e cozido por muitas horas com vinho e molho de tomates.
Apesar da delicadeza da carne, os outros ingredientes conferem uma riqueza única ao prato. E, como o melhor jeito de comer coelho é chupando os ossinhos (a melhor carne fica ali), é impossível não se sentir um homem das cavernas e se lambuzar todo.
4) Ġbejna

Mas que raios é esse tal queijinho maltês servido como antepasto, recheio de ravióli e sabe-se lá Deus o que mais? Pois bem, o Ġbejna é o queijo típico da ilha de Gozo, feito a partir de leite de cabra ou ovelha (que pode ser pasteurizado ou não).
O nível de maturação varia bastante e pode ser fresco (friski ou tal-Ilma, o que você vê na imagem de abertura do post), maturado ao sol (moxxa, Bajda ou t’Għawdex), recoberto de sal (maħsula) ou pimenta-do-reino (tal-Bzar).
A variedade fresca tem consistência macia, sabor suave de leite – algo como um meio termo entre ricota de ovelha e queijo Minas frescal – e é conservada em soro – como a italianíssima mozzarella di bufala.
Já as formas mais maturadas absorvem o sabor dos temperos a seu redor – têm, portanto, um gosto bem mais forte – endurecem e podem ser conservadas no azeite.
As últimas são uma das melhores opções de presente – e olha que, como vou explicar melhor do próximo post, infelizmente não é nada fácil achar comidinhas gostosas para trazer na mala.
