
(Artigo originalmente publicado no What the Food!, em 14/10/2013. Clique aqui para ir ao site)
Se, em uma cidade imensa e multicolorida como São Paulo, encontrar um lugar para comer temaki é quase tão fácil como achar uma padaria com pão de queijo quentinho, na maioria das cidades da Itália – cada uma com suas tradições gastronômicas milenares – encontrar sushi e sashimi bons de verdade é uma tarefa um pouco mais complicada…
Não digo que não haja, mas o número de restaurantes japoneses é inversamente proporcional à quantidade de gente que torce o nariz para shoyu e wasabi.
Porém, como para tudo se dá jeito, uma amante do peixe cru como eu tinha que achar uma alternativa… e ela se chama “crudité” – o nome francês chique – ou simplesmente, em bom italiano, “crudi” – “crus”.
Não custa lembrar que a Itália é uma península e, portanto, rodeada de mar por todos os lados. Por tal razão, é possível comer bons peixes e frutos do mar (sempre frescos) em qualquer lugar – por exemplo, de norte a sul há excelentes spaghetti alle vongole até em um boteco da esquina.
Peixes e frutos do mar crus, por outro lado, não são tão corriqueiros (ou melhor, são uma iguaria) mas, ainda bem, estão também por toda parte.
A grande diferença em relação ao Brasil é que aqui, se o bicho vem do mar e é fresco, as pessoas comem. Ou seja, se no Brasil, estamos acostumados a comer basicamente peixes crus, aqui na Itália, em um prato de crudi, além daqueles, há crustáceos os mais diversos (e como existem coisas estranhas!!! Procurem cannochie no Google, por exemplo), moluscos (sejam aqueles com conchinha, até os mais parrudos, como polvo) e etc, dispostos, quase vivos, com o mínimo de condimento possível – azeite e pimenta bastam.
Para minimizar qualquer risco, antes de chegarem à mesa os bichinhos passam por um processo chamado “abbattimento”, que é basicamente exposição a baixíssimas temperaturas por um breve período de tempo, para matar possíveis parasitas.
Assim sendo, fica a dica aos amantes do peixe cru: se vierem para a Itália, primeiro comam muito macarrão, pizza e salame; depois, se bater a síndrome de abstinência, se joguem nos crudi – vale a pena, e vocês nem sentirão falta de shoyu.
Mas sem sal, Flora?
Oi Bruno! Normalmente, são servidos com um tico de sal não refinado (tipo flocos de sal, ou flor de sal) e um fiozinho de azeite.
Mas tudo bem pouco mesmo, para não interferir do sabor super delicado dos peixes e frutos do mar.
Beijão!