U.ltimamente, a Europa está enfrentando uma terrível onda de calor (no norte da Itália, os termômetros estão batendo os 40 graus) e, ainda bem, aqui pertinho de Bologna existem várias cidadezinhas localizadas no alto das colinas que rodeiam a cidade e, por lá, as temperaturas são até 7 graus mais frescas do que o que enfrentamos em Bologna.

Por isso mesmo, nos finais de semana, a melhor coisa a se fazer é pegar o carro e sair por aí, à procura do “frio”. Nessas minhas andanças dominicais, também sempre acabo descobrindo algum restaurante ou produto particular – que valem a viagem.
Bem nessa época, a queridinha da vez é uma das frutas mais nobres da Emilia Romagna, a cereja. Mas não estou falando de uma cerejinha qualquer, e sim de uma variedade especial da fruta, que de tão parruda virou até cereja-macho (i.e. o gênero da palavra que dá nome a ela é masculino), e por se tratar de algo que só cresce por aqui, ganhou selo de indicação geográfica (IGP.). São os duroni de Vignola – cidadezinha a 30km de Bologna – ou Ciliegia di Vignola IGP.
Ok, pausa para um breve esclarecimento: em linhas muito gerais, as cerejas são divididas em 2 grandes grupos: as doces e as azedas (estas conhecidas aqui na Itália como amarene, ótimas em compota!). Aquelas, por sua vez, se subdividem em tenras (tenerine) e duras (duracine).
As primeiras são menorzinhas, têm a polpa mais molinha e aparecem com a primavera. As últimas, mais famosas, são grandonas, podem apresentar um vermelho bem escuro, ou um vermelho quase alaranjado (com a polpa amarela), e surgem com o início do verão.

Dentre estas, a espécie mais desejada, claro, é a dos duroni. De um vermelho escuro quase preto, e com uma polpa cor de vinho, esses parentes das rosas (pois é, sabia que cerejas e rosas são da mesma família?), são realmente espetaculares. Dulcíssimos e enormes (juro que algumas parecem mini-ameixas), de junho a julho são onipresentes por essas bandas.
Mas sabe qual é o melhor lugar para comprá-las? À beira da estrada, exatamente como nossas bananinhas-ouro e jacas vendidas à beira da Rio-Santos 🙂
Entre Bologna e Vignola, a cada 200m tem uma barraquinha e, ao estacionar no acostamento (ops!) se você prestar bem atenção, certamente vai encontrar isso aqui ó:

Pois é! Isso é que é comida “a quilômetro zero”!
E, voltando ao calor infernal de Bologna, já que de tão quente até sorvete derrete em um segundo, nada melhor para refrescar do que essas cerejas bem geladinhas. Duro é parar de comê-las!
