Uma das minhas maiores convicções culinárias é que o pior inimigo da cozinha é o medo de que o resultado final seja um desastre. Muitas pessoas não tentam, com medo de errar.
Mas, se você parar pra pensar, desastres verdadeiros, são muito raros: em se tratando de pratos salgados (que, sim, exigem menos precisão), se você tomar cuidado com o fogo e com o sal, já é meio caminho andado.
Com pães, bolos e doces, por outro lado, a margem para improvisação é menor e o risco aumenta, mas uma boa receita resolve o problema na maior parte dos casos. E se der errado, paciência. Bola pra frente que todo mundo já passou por isso!
Esse preâmbulo é porque eu, pessoalmente, morria de medo de fazer pão, talvez por culpa das minhas inúmeras tentativas frustradas de fazer o tal do fermento levain (o meu sempre morre na praia; parece super ativo e feliz no começo e depois não dá mais sinal de vida). Mas eis que um dia encontrei uma boa receita, vi que na dispensa tinha todos os ingredientes necessários e fui com a cara e a coragem.
Deu tão certo que hoje em dia faço um pão desses por semana e, toda santa vez, fico com um sorriso de orelha a orelha quando vejo o resultado.
Vamos perder o medo e botar a mão na massa?
Pane ai cereali (Pão com cereais)
Ingredientes
- 150 g de farinha branca
- 150g de farinha integral
- 5g de mel
- 2g de fermento seco biológico*
*Eu tenho usado fermento tipo levain desidratado, que NÃO é a mesma coisa do levain normal, porque leva um pouco de fermento biológico normal para garantir uma boa “ativação”, mas que ainda assim considero uma alternativa bacana. Não tenho certeza se tem no Brasil e, de qualquer forma, sugiro que a proporção nesse caso seja aquela indicada na embalagem do produto (eu, por exemplo, uso 12g).
- 205ml de água (temperatura ambiente)
- 5g de sal
- Água para pincelar
- 70g Mix de sementes (ex: chia, linhaça, semente de girassol e de abóbora) mais um tico para polvilhar colocar por cima (opcional)
Modo de fazer
Observação: eu não tenho batedeira com acessórios para pão e adoro amassar tudo no muque. Se você preferir fazer na batedeira, misture os primeiros ingredientes por 10 minutos com a “raquete”, adicionando a água aos poucos. Coloque então o “gancho”, adicione as sementes e por último o sal por aproximadamente 5 minutos.
Sem batedeira: 1) Em uma tigela, misture as farinhas, o fermento e o mel. Aos poucos, despeje a água e vá misturando; primeiro com uma colher e depois com a mão.
2) Quando adquirir consistência, se preferir, transfira a massa para uma superfície lisa enfarinhada, mas MUITO cuidado pra não exagerar na farinha, coloque o mínimo possível. Eu, sinceramente, prefiro amassar na tigela mesmo.
3) Amasse tudo muito bem, quanto mais melhor, por pelo menos 5 minutos. A dica para sovar bem a massa é usar a palma e o “gordinho” da mão e não os dedos: estique a massa com o gordinho, depois dobre uma metade sobre a outra e repita a operação do outro lado. (Se você não entendeu nada, tente dar uma olhada nesse link)
4) Quando a massa estiver bem homogênea, adicione as sementes, continue sovando por outros minutos e, por último, adicione o sal. 5) Sove mais um pouco, até que tudo esteja bem misturado e o sal absorvido.
6) Faça uma bolota, coloque-a em uma tigela, cubra com um pano de prato limpíssimo e deixe descansar em um lugar quentinho por pelo menos 2 horas. Eu, particularmente, prefiro deixar descansando dentro do forno desligado por toda a noite.
Uma vez descansado e se tudo der certo, a massa deve ter crescido até ficar o dobro da bolota inicial.
7) Transfira tudo para uma superfície lisa enfarinhada (de novo, não exagere na farinha, é só para não grudar) e sove mais ou pouco, por pelo menos outros 5 minutos.
8) Modele, então, o formato que quiser (eu, para essa receita particularmente, prefiro fazer um só pão, mas já fiz pãezinhos que também ficaram bons. Estes exigem mais cuidado na hora de assar – nesse caso, reduza uns 15 minutos do tempo de forno) e coloque em uma assadeira grande, forrada com papel manteiga. 9) Deixe descansar por mais, pelo menos, 1h30.
Depois desse tempo, ele deverá crescer bastante mais uma vez.
10) Com uma faca bem afiada, faça cortes diagonais na parte de cima, ou um corte longitudinal, pincele um pouco de água sobre toda a superfície e, se quiser, coloque algumas sementinhas por cima, só para dar charme (não exagere, ou você pode correr o risco que as sementes queimem ou que caiam do pão…).
11) Antes de ligar o forno, coloque uma tigelinha (resistente ao calor) cheia de água na grade inferior do forno. Ajuste a temperatura em 200 graus (em modalidade estática, não ventilada) e o pré-aqueça por uns 15 minutos, antes de colocar o pão.
12) Asse a criaturinha por aproximadamente uma hora (obs: passados 40 minutos, se você achar que a parte externa está muito moreninha, abaixe um pouco a temperatura).
13) Retire-o do forno com cuidado e, se resistir, deixe-o esfriar – de preferência sobre uma grelha e não apoiado completamente sobre um prato. Depois de frio, dá pra congelar (melhor se em fatias) por até um mês.

Que tal uma fatia no café da manhã?
Buon appetito!