Para além da zona de conforto

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Se você olhar o mapa de Bologna, verá que a cidade tem um centro muito definido, que é basicamente um grande círculo. Dentro desse círculo, tem-se o que é conhecido como o “centro histórico” (i.e. a parte antiga da cidade, onde ficam todos os monumentos principais) que, em um primeiro momento, parece gigante, mas na verdade dá para ser percorrido tranquilamente à pé.

Para além dos limites dessa figura, porém, a cidade vai se expandindo enormemente, e forma o que hoje é a sétima cidade mais populosa da Itália.

Como já falei por aqui, tenho a sorte de morar bem no centro do centro, no buxixo mesmo e, seja por comodidade ou preguiça, raramente saio dos confins dessa zona.

É claro, existem inúmeros restaurantes ótimos no centro (praticamente todos de que já falei por aqui), mas é sempre uma boa surpresa sair, literalmente, da zona de conforto e descobrir lugares novos e empolgantes.

Sábado passado, tive o prazer de conhecer um restaurante muito tradicional na cidade, mas que nunca tinha ido por ser “longe” de casa… (me dá até vergonha falar isso porque sou paulistana DOC e meu conceito de “longe” deveria significar pelo menos uma hora de carro…mas como as perspectivas mudam!)

Pois bem, estou falando do excelente Al Cambio (Via Stalingrado, 150).

Por que gostei tanto desse lugar? Simplesmente porque ali, um chef bolonhês da gema (Massimiliano “Max” Poggi) resolveu manter um pé na tradição, sem jamais perder a curiosidade de inventar, inovar e brincar com os dogmas da cozinha da cidade. E, não se engane, isso é MUITO raro em Bologna.

A melhor pedida, sem dúvida, é deixar que Max te carregue para dentro do seu mundo – estou falando, claro, do menu degustação, que pode ser com 3, 5 ou 7 pratos; basta escolher se de carne, peixe, ou da “tradição bolonhesa”.

Escolhemos a segunda opção e, meu Deus, como comemos bem!

As fotos são de alguns dos destaques dos 5 pratos (mais sobremesa) que o chef nos presenteou. A primeira do post era um Peixe “spatola” – que é tipo um agulhão, com puntarelle e creme de feijão. Aqui embaixo o doce:

Assim sendo, além de indicar um EXCELENTE restaurante, com esse post queria passar duas mensagens: a primeira é que Bologna não é restrita ao centro histórico e, se você vier e quiser comer bem de verdade, vale a pena pesquisar lugares um pouquinho mais longes. A segunda é que mesmo em uma cidade que leva tão a sério – ouso dizer que até demais – os pratos da sua tradição gastronômica, é possível ousar sem deixar de lado as raízes do lugar. Nesse caso, se o chef é bravo (i.e. bom pra caramba) os limites se expandem ao infinito – como a cidade.