Para mim, não restam dúvidas que o frio na Itália chegou de vez quando sinto dois aromas: primeiro, o de castanhas portuguesas tostadas. As castagne – ou os marroni em bolonhês – são ingredientes típicos da metade do outono, quando o frio já está batendo, que aparecem não só em sua versão fresca nas bancas de frutas, como também em barraquinhas e carrinhos de caldarrosta – que nada mais é do que a castanha tostada na hora, normalmente em uma espécie de chapa cilíndrica (um meio termo entre uma apetrecho para fazer algodão-doce e o tambor de uma máquina de lavar roupa…).
Quando as temperaturas caem abaixo de dez graus, um outro cheiro invade as ruas: o de chocolate quente. E não se engane: não é leite com achocolatado, mas um denso chocolate derretido – servido com creme de leite, ou não.
Bologna por sua vez – exagerada como sempre – não se contenta em ver seus habitantes friorentos passeando com copinhos de cioccolata calda nas mãos e anualmente, desde 2005, dá espaço a uma das maiores festas dedicadas ao chocolate artesanal da Itália, o Cioccoshow.
No coração da cidade, a Piazza Maggiore, erguem-se em média 80 stands com produtores de chocolate de todo o país (com destaque para as regiões mestras na elaboração desse produto, como Perugia, Torino e Modica), além de espaços para o aprendizado da arte do chocolate: o Laboratorio del Cioccolato, onde crianças e adultos aprendem com mâitres chocolatiers as etapas de transformação do fruto do cacau em chocolate; e a Scuola del Cioccolato, que oferece cursos de culinária.
Por ano, durante os 5 dias de evento, estima-se que a média de visitantes fique em 30.000.
E tem para todos os gostos: infinitas barras de chocolate ao leite, meio amargo (em italiano, fondente), branco, biológico, com ou sem glúten e lactose; bombons de todas as cores;
frutas secas recobertas de chocolate; fontes de chocolate derretido; trufas (de chocolate….); docinhos e macarons; objetos, personagens famosos e estátuas de chocolate;
licores servidos em copinhos de chocolate… tem até stand de bom-bocado e de cerveja artesanal! E, claro, não poderia faltar uma verdadeira profusão de chocolate quente, em todas as suas variações.
Confesso que, para mim (gulosa, mas não amante incondicional de doces), é tudo um pouco atordoante… em meio a uma multidão, que se mistura a ondas de aromas doces, ouvem-se gritos histéricos de chocólatras em êxtase, e não é raro tomar vários encontrões de indivíduos distraídos com tantos estímulos e inebriados de cacau e açúcar.
Ainda assim, é impossível sair de mãos vazias.

E, por isso mesmo, atenção com o bolso: por se tratar de produtos artesanais, vendidos a granel, a experiência doce raramente sai barata. Quando você menos percebe, a carteira fica amargamente vazia…
Mas vale a pena. Ainda mais nesse friozinho… para mim, trata-se da ocasião oficial para dar boas-vindas ao inverno que bate às portas, comprar presentinhos de Natal e, por que não, adoçar um pouco a vida que nem sempre é mamão com açúcar.
Oi Flo! Amei o post! Morei em Bologna em 2015 e tive a felicidade de participar do Cioccoshow do ano passado! É um tentação em forma de feira haha. Adorei o blog! Continue me deixando com saudade de Bologna ❤
Oi Mar! Que delícia de mensagem! Fico feliz que tenha encontrado o blog e que eu possa contribuir para relembrar bons momentos!
Volte sempre tá?
Um beijo