No Mar Mediterrâneo, existe um bichinho muito feio – mas feio mesmo – que, se não fosse absolutamente delicioso, tenho certeza que ninguém teria coragem de comer. Trata-se de um crustáceo comprido, que chega a 20cm, de um branco meio acinzentado com reflexos róseos e que, de um lado, tem uma cabecinha de alien e, do outro, um uma mancha preta que parece dois olhos gigantes…

Nada apetitoso, não? Mas esse animalzinho, a canocchia (também conhecida como pannocchia, ou panocchia e cujo nome científico é Squilla mantis), é um dos frutos do mar mais gostosos que existem.
Sua carne tem um sabor muito suave – bem mais do que a do camarão, por exemplo – e, por ser muito delicada, quando cozida se desfaz quase completamente, formando uma espécie de creminho que é um dos melhores condimentos de macarrão que já experimentei.

Aliás, já falei por aqui da minha paixão pelo Spaghetti alla chitarra alle canocchie, que meu namorado sabe fazer como ninguém. Nessa receita, além de um refogadinho com alho e azeite e um toque final de salsinha fresca, não vai mais nada, só a carne (adicionada só ao final), que praticamente “derrete”, formando um molhinho que envolve cada fiozinho de massa.
Mas, tamanha a doçura de sua carne, comê-la crua é também excepcional (já falei dos crus, aqui), lembrando que as canocchie, como as lagostas, devem ser compradas preferencialmente vivas e desse modo, claro, quaisquer dúvidas quando ao frescor do ingrediente caem por terra.
O único defeito das canocchie é que são meio chatinhas de limpar: é difícil conseguir destacar a carne inteira da carapaça. Mas não tem problema, você tem duas opções: (1) simplesmente desencane, pegue os bichinhos com as mãos e chupe a carne sem dó (isso vale inclusive se você estiver em um restaurante e servirem as canocchie com a “casca”); ou
(2) 40 minutos antes de prepará-las, coloque-as no freezer. Passado esse tempo, com a carne bem mais compacta, basta cortar as laterais com uma tesoura e, delicadamente, separar a carne. Juro que facilita muito.
Aliás, antes de terminar, um breve esclarecimento. Na minha opinião, escrever sobre ingredientes que não se encontram no Brasil é uma faca de dois gumes: por um lado, sei que causa uma certa frustração, pois, a menos que você venha para cá, será impossível experimentá-los.
Por outro lado, acho interessante compartilhar algumas curiosidades e coisas que realmente me fascinam por aqui, pois, assim, mesmo de longe, a cozinha italiana vai se tornando mais familiar a todos – e quando tiverem a oportunidade de vir, já serão experts! 🙂
Boa semana a todos!
Achei muito parecido com o corrupto,que é usado como isca,no litoral paulista. Seriam parentes?
Oi, Lili! Obrigada por aparecer de novo por aqui!!
Você tem toda razão, eles são MUITO parecidos!!! E, como vc me deixou com a pulga atrás da orelha, resolvi pesquisar:
As maiores diferenças são que o nosso amigo brasileiro, além de ser mais alaranjado e não ter aquele “olho” atrás, vive na areia perto da arrebentação, enquanto as canocchie vivem (também na areia) mas no fundo do mar.
Por isso mesmo, se no Brasil “catamos” os corruptos com aqueles tubos de pvc enfiados na areia, aqui eles são pescados com redes mesmo.
Seja como for, muito obrigada pela observação! E se vc ouvir falar de alguma receita com os corruptos (que não sei nem se existem, ou se ele é usado só como isca), me avisa que eu tento replicar por aqui ok? 😉
Beijo enorme, volte sempre, e continue comentando tá? Eu adoro!!!
Oi, Flora!
Vim lá do ConsueloBlog e maravilhado com o teu blog, encatado mesmo.
Olha só, aqui no litoral do gaúcho alguns pescadores comem os corruptos crus lá na beira do mar, enquanto pescam, quem eu conheço que comeu disse que parecia camarão. Infelizmente eu não os provei, os corruptos, não os pescadores. kkk
Bjão
Bruno
Oi, Bruno! Nossa, quanto carinho! Muito obrigada, de coração!
Fico imensamente feliz que tenha descoberto o blog e que esteja gostando!
Quanto aos tais corruptos, se forem parecidos com as canocchie, são excepcionais! Lembra de leve o sabor do camarão, mas são bem mais suaves (quase doces mesmo). Se tiver a oportunidade de experimentar, me conte tudo depois, tá??
Beijo grande e espero que continue visitando e comentando tudo por aqui 🙂
Ola! Flora
Eu não conheço nem o bichinho feio italiano nem o paulista que ainda por cima se chama corrupto.
Aqui no nordeste não ha nada parecido.
Vou ficar com o meu camarão, que o maridao e as crianças amam.
Mas estou curiosa para experimentar o conocchia.
Sobre falar da cozinha Itália, eu sigo seu blog exatamente por causa disto. Claro que também gosto quando Vc coloca receitas que podemos executar por aqui, nem que seja substituindo algum ingrediente. E por falar nisto, o brodo ficou ótimo até congelei.
Abraço.
Paula.
Oi Paula querida! Que bom te ver de novo por aqui!
Faz bem de investir no camarão, que o maridão, as crianças e a Florinha aqui também adora! 🙂
Fico muito feliz em saber que você entende um dos “propósitos” do blog, que é justamente mostrar um pouquinho da Itália. E, não se preocupe, continuarei inventando (e testando) pratos que possam ser replicados por aí!
Para terminar, você não sabe quando fico feliz em saber que o brodo deu certo!!!!! Ganhei meu dia!!
Beijo grande e volte sempre!
Aquele restaurante acabou entrando no blog por metonímia, :P. Adorei o nosso jantar! Vamos marcar algo com o Simone essa semana? Beijo, João
Oi João querido! Que bom ter vc por aqui! E vc tem razão, aquele restaurante, por ora, ficou nas entrelinhas 😉
Eu também adorei! Esta semana está meio corrida, mas vou falar com o Simone e vamos ver se conseguimos nos ver!!
Beijo grande e obrigada pela visita!
Oi Flora! sou a Mari direto do CBlog,
Parabéns p teu blog q é demais pois acredito q cozinhar é uma arte..
Fiquei curiosa tb p experimentar o canocchie acho q vou gostar, já q não sou muito fã de camarão! 😉
bjus
Mari
Oi Mari!!! Bem-vinda!!
Super obrigada pelos elogios, você não imagina como eu fico feliz que vc esteja gostando do blog!
Quando à canocchia, se tiver a oportunidade de experimentar, vai com tudo! E depois me conta 😉
Beijo grande e volte sempre,
Flora.